UTILIZAÇÃO DO LEITE DE VACA
Com o passar dos anos tenho visto muitos casos de pacientes com distúrbios físicos devido ao uso de leite de vaca ou derivados. Sabe-se atualmente que uma boa parcela da população apresenta alergia ou intolerância a lactose (ou a algum componente químico presente no leite). Entre os distúrbios físicos observados posso citar rinite, sinusite, bronquite, dermatite atópica, diarréia (ou alteração nas fezes) e refluxo. Tenho alguns casos que servem como ilustração. Por uma questão de ética, evito citar nomes para que as pessoas não sejam identificadas.
1 – Menino com 2 anos de idade, com tosse catarral há algum tempo. Após tratar com homeopatia com alguma melhora, observou-se que o menino piorava sempre após as mamadas. Muitas vezes acordava sem tosse ou secreção nasal. Após tomar a mamadeira com leite de vaca, o mesmo iniciava um processo de expectoração, com tosse intensa que perdurava durante o dia. Como tomava leite mais 1 ou 2 vezes, passava boa parte do dia com sintomas. Obteve melhora completa com a retirada do leite.
2 – Menina com 2 anos de idade e história de refluxo. Em uso de medicamentos alopáticos e homeopáticos sem melhora nos sintomas. Apesar da desconfiança em relação ao leite, havia dificuldade em retirar o mesmo já que esta era a principal fonte de alimentação da criança. Após apresentar pneumonia aspirativa, devido ao fato de ter ido leite para os pulmões, foi trocado o leite por leite de soja. Com isto desapareceu o refluxo.
3 – Menina com 5 anos de idade e dermatite atópica nas dobras internas de cotovelos e joelhos. Pele ressecada, com prurido e formação de feridas por coçar em excesso. Inicialmente trocou-se o leite integral por leite desnatado, o que já proporcionou uma melhora nos sintomas, sem contudo eliminá-los. Atualmente após uso de leite com baixa lactose, houve regressão completa do problema.
4 – Senhora com mais de 70 anos, apresentando uma tosse crônica desde o inicio do outono, sem resolução. Períodos de melhora e períodos de piora. Quando aconselhada a trocar o leite para soja, cabra ou baixa lactose, os episódios de tosse sumiram em menos de 30 dias (ainda era inverno).
5 – Menino com 9 anos, apresentando bronquite asmática e que vinha em tratamento homeopático há cerca de um ano. Desaparecimento completo dos sintomas durante o verão. Ao começar o inverno, reapareceram sintomas respiratórios (chiado, tosse, dificuldade respiratória) em intensidade menor que antes do tratamento homeopático. A mãe, desconfiando da possibilidade do leite estar influenciando, trocou para leite com baixa lactose. A partir de então as crises praticamente desapareceram (teve um episódio desencadeado por aspecto emocional). Ressalta-se que o mesmo continuou com leite de vaca, porém de baixa lactose.
As vezes, o leite de vaca (integral, semi-desnatado ou desnatado) parece agir como um fator desencadeador do distúrbio, como foi visto nos três primeiros casos.
Em outros casos parece atuar como um fator de sensibilização. Pode não estar sendo percebida uma ação direta do leite de vaca na saúde, mas ele pode estar deixando o organismo mais sensível quando está sendo utilizado. No entanto, é necessária a existência de um fator que propicie o surgimento dos sintomas, como o caso do frio ou da alteração de temperatura climática. É o que observamos no último caso. No quarto caso pode ser que tenha sido este por este motivo que o sintoma estava presente, já que a paciente vinha com o mesmo desde o inicio do inverno.
O leite ainda é considerado um alimento importante para o crescimento das crianças e para a nutrição dos adultos. Esta observação serve apenas como um alerta, para pessoas que apresentem sintomas semelhantes, a fim de pensar na possibilidade de haver alguma suscetibilidade ao leite de vaca. Não pode ser feita nenhuma generalização. Recomendo em geral um teste terapêutico. Ficar duas semanas sem utilizar nenhum derivado do leite de vaca (leite, iogurte, queijo, etc.) e observar os sintomas. Voltar novamente com o leite de vaca e derivados e observar. Se houver alguma diminuição de sintomas no período em que esteve sem o leite, procure o seu médico e exponha o que observou.
Se você tiver realizado o teste terapêutico e tiver obtido melhora, entre em contato com o seu médico e nos envie uma mensagem contando a sua história.